Me peguei pensando num altar. Sabe, altar desses cheios de detalhes cautelosos? Cautelosos e denunciadores, confessando bem alto todo aquele zelo guardado no meio das rendas.
E é trabalho sem fim, porque cada flor é uma que outra não pode ser. Minúcia reprisada enjoa. E, se é pra pôr no alto, onde todo mundo enxerga, que seja bonito como um devaneio.
Corta e lixa, pinta e borda, faz e acontece.
"O trabalho enobrece o homem", disse a célebre frase, toda cheia de si.
E, de tão cheia de si, me deu o que lhe era sobra, aí eu entendi que mais importante que fazer pelo objeto, é fazer pelo verbo. Só consigo pensar que se coisa qualquer faz pensar mais no 'o quê' do que no 'como', os escrúpulo ficam fracos. E não tem jeito de bater palma pra escrúpulo que bambeia diante da própria força.
Agora, altar pra quê? Pra quem? Por quê? Ainda existe nesse mundo coisa que mereça dois olhos fincados pra cima? E quando a gente cisma de imaginar, não é pra cima que os olhos teimam em ir? Aí, eu já acho que altanear (essa palavra existe? A-L-T-A-N-E-A-R. Se não existe, deveria.) é coisa de quem deseja com tanta força, que bota existência no que queria que já tivesse.