sobre as religiões
Postado por
tulaniii
on sexta-feira, 24 de junho de 2011
"As orações e os deuses também variam, mas o alívio que eles trazem vem do mesmo lugar".
Foi pensando nesse trecho da música de Gabriel, O Pensador que eu me dei conta de nunca ter escrito nada a respeito da minha visão espiritual do mundo.
Eu cresci aprendendo que o catolicismo era a chave, era a religião mais leve, que mais tinha a ver com o real propósito do cristianismo porque tinha menos julgamentos e doutrinas. Aí eu saí e vi o mundo, vi outras religiões aqui no Brasil, vi outros países com suas próprias religiões, pensei, repensei e cheguei às minhas conclusões.
Hoje eu acredito que existe uma força superior que rege tudo que é vivo e, parte dessa crença é vestígio da criação católica. Por acreditar nessa grandeza, eu não consigo conceber que ela se manifeste somente de uma forma, que caiba numa religião com nome e sobrenome (ultimamente, também com CNPJ). Acreditar nisso é assinar que o pós-morte é uma categoria excludente, que essa esfera só comporte os hindus, ou os evangélicos, ou os índios, ou os espíritas, muçulmanos... Pensando com aproximação, uma religião acaba condenando as práticas que compõem os pilares de alguma outra. Cada uma impele as pessoas a pensarem de uma forma que não faz sentido para as demais.
Mesmo percebendo essa excludência, é fato que a religião tem um caráter louvável, que estabelece controle e pacificação entre as pessoas (ainda que existam as guerras santas em contrapartida). A maioria das religiões prega que se viva bem e que se faça o bem. Em contrário, Alá envolve as pessoas em lençóis de fogo e Jesus diz a quem quiser ouvir que não nos conhece e nos entrega ao inferno para sacrifício eterno. De qualquer forma, as práticas prejudiciais são sumariamente condenáveis, o que torna a convivência facilitada por um sistema simples de compensação: "Se eu agir bem, vai ficar tudo bem comigo, eu vou pro paraíso e minha alma será envolta por uma luz alva e infinita quando meu corpo perecer."
Há quem se revolte com esse sistema porque é o clássico manuseio de massas populares, mas eu não tenho nada contra. Qualquer ação que provoque a prática do bem tem minha aprovação instantânea. E, pensando em quando a vida começa, esse tipo de comando funciona. Toda criança já ouviu que o Bicho Papão, o Velho do Saco ou o Monstro do Lago Ness apareceria pra tirar satisfação caso não comesse toda a comida ou não recolhesse os brinquedos.
Aprendi a respeitar as escolhas das pessoas, mas me sinto muito mais em paz percebendo que a escolha religiosa é apenas uma possibilidade.
Fazer o bem é bom pra todo mundo. E nada mais importa.