sobre as comparações

ontem eu estava assistindo ao jornal da band com meu pai e o apresentador [joelmir beting] falava sobre as grandes chuvas e enchentes nas regiões sul e sudeste, especialmente no estado de são paulo. depois de mostrar algumas imagens dos desastres, uma mulher foi entrevistada porque perdeu seus dois filhos pequenos no soterramento que levou também sua casa.

o fato é que a mulher morava em uma área de risco e a defesa civil já a havia informado sobre o perigo de continuar vivendo lá. quando acabou a reportagem, meu pai falou uma coisa meio “ah, mas ela já sabia que tava em lugar de risco...”, como se o fato de saber que o lugar onde ela morava oferecia risco à sua família lhe conferisse o poder de conseguir uma casa segura. não.

após o fim da exibição das imagens, beting desmembrou a questão das enchentes e fez uma subversão da passagem bíblica/dito popular “após a tempestade vem a bonança”, dizendo que “após a tempestade... vem a inundação, as doenças...” e, chamou a atenção para as doenças de contágio através de água contaminada, que são responsáveis por 2/3 da mortalidade infantil no brasil, segundo ele. até aí estava tudo certo.

quando o foco caiu na mortalidade infantil, ele lamentou dizendo que ,”no brasil, uma árvore cortada causava mais impacto e mobilização do que uma criança morta por insalubridade.” completou dizendo que “a mortalidade infantil não chamava atenção de ninguém, nem mesmo dos ambientalistas.”

do meu ponto de vista, seria um comentário compreensível se viesse de alguém com baixo nível de formação. não era o caso.

tratando a questão ambiental como um todo, não fica difícil interligar a mortalidade infantil com os ambientalistas.

¹ uma árvore é ilegalmente derrubada e gera borracha, madeira e papel. se a derrubada é ilegal, consideremos o uso e a transformação de seus subcomponentes também dessa forma. os restos de fábricas ilegais são depositados na natureza de forma irresponsável, ferindo o conceito do tão popular desenvolvimento sustentável. esses restos depositados são tóxicos e contaminantes, dificultando o processo da purificação e produção de água própria para consumo, água potável.

² uma vez que uma pessoa joga lixo na rua e, esse lixo não é coletado, ele se acumula e entope bueiros . quando chove, o bueiro interditado provoca a inundação das ruas, o acúmulo de água podre, de água contaminada. exatamente a mesma água que carrega as doenças responsáveis pelos 2/3 da mortalidade infantil no brasil.

é importante salientar que ambientalistas não se preocupam somente com árvores derrubadas. o meio ambiente é um conjunto complexo o suficiente para não ser baseado em somente um exemplo.

é evidente que a atenção direta à mortalidade infantil deve ser grandemente aumentada, mas não tratá-la como parte de um ciclo que envolve outros problemas com importância potencial é semelhante a tratar a violência como um problema isolado e de foco oposto às políticas de educação e emprego.

não sei como manter as esperanças.

agora o jornalismo não precisa mais de diploma.

sobre meus agradecimentos

antes de mais nada, quero avisar que esse é um post que saiu a partir de uma sessão de sambas, especialmente 'pé do meu samba', que é um dos que eu mais amo, somado a muitos momentos bons com as melhores pessoas que eu conheço e 'divã', o filme da xuxa, digo, da lilia cabral.

ocorre que assim que terminei de assistir ao filme, eu chorei.
bastante.

não é estranho que alguém tenha chorado com o filme porque ele é emocionante.
estranho é eu ter chorado.

as lágrimas vieram porque o que mais me chamou atenção no filme foi a amizade [quem já viu o filme sabe que esse não é o foco principal, mas foi o ponto alto pra mim] e, quem me conhece mesmo sabe que é uma coisa sagrada pra mim.
eu me dei conta de que tudo que me pertence de mais importante está diretamente relacionado às minhas amizades.

cada um de um jeito, cada um no seu tempo, cada período com essa ou aquela intensidade, mas sempre amizade.

aqui eu agradeço pela confiança, pelos beijos, risadas, tapas, lágrimas, esporros, abraços, foras... pela existência.












"se um dia eu tiver algum problema, não vai ser por falta de felicidade"