Hoje à tarde eu parei pra fazer uma coisa que eu não fazia há tempos: sentei no sofá e liguei a tv.
Eu poderia dedicar meu tempo às minhas leituras [atrasadas], poderia ver um dos tantos filmes que venho baixando ao longo dos últimos dias, poderia dormir, ver qualquer besteira na internet, sair pra beber... mas sentei pra ver tv.
Como nada é acaso, zapeei e encontrei Marília Gabriela numa conversa já engatada com Fernanda Young.
Há alguns meses, comecei a seguir a Fernanda no Twitter, mas me tornei uma seguidora sem sucesso por não conseguir achar nas palavras dela qualquer coisa que me despertasse interesse.
Na verdade, eu ainda não tenho interesse em muitas coisas que leio [não somente] no Twitter, mas leio mesmo assim. Parte dessa insistência é puro convencionalismo, enquanto outra parte é saber/imaginar como essas pessoas são fora desses 140 caracteres e me agradar disso.
Pra minha total surpresa, a conversa com a Marília não me incomodou a ponto de "dar unfollow" na entrevista e continuei assistindo. Num determinado ponto, Fernanda soltou um fluxo de pensamentos que eu não esperava que fosse convergir comigo, não pelo fato de ter saído de uma pessoa com quem eu não percebesse nenhum ponto em comum, mas pelo fato de ainda não ter percebido em mim aquele mesmo fluxo. Eu não tinha base pra me identificar com qualquer pessoa que falasse daquela forma porque não sabia que o meu pensamento cabia naquelas palavras.
Vou confessar que esse tipo de descoberta me causa simpatia imediata, mesmo que por interesse.
O trecho da entrevista que me fez despertar segue aqui e começa mais ou menos aos 9 minutos, mas não acredito que assistir à entrevista completa possa ser perda de tempo.
"Eles amam as loucas, mas vão se casar com as outras. Ele não vai me querer porque lá pelas tantas, a minha excentricidade, a minha maluquice , aquilo tudo que nem eu vejo em mim porque não é proposital [...] a mulher da média, do gosto médio, aquela mulher que não vai causar nenhum ruído, nenhum estardalhaço chegando num ambiente, ela vai me tomar a pessoa que eu amo."
Assumir inseguranças é uma coisa que nunca foi meu ponto de destaque, muito pelo contrário, mas esse tipo de pensamento chegou a mim como um fósforo entrando em combustão, então qualquer orgulho perdeu seu lugar.
Minha mãe acha que eu me visto mal, minhas irmãs me acusam por não usar salto alto e eu resolvi usar dreads no cabelo.
Isso nunca me importunou de verdade, mas eu tenho noção de que esse tipo de perfil não é exatamente atraente. Além disso, já tô careca de ver vários amigos interessantíssimos se juntando com essas mesmas mulheres do gosto médio.
Parece até que a questão toda é afetiva/sentimental, mas não é. A figura torneada da mulher de propaganda de margarina é segura, e não dá pra culpar as pessoas por quererem segurança.
O que consola é saber que qualquer pessoa que se disponha a qualquer tipo de relação com uma pessoa que escapa do comum também é uma pessoa fora do comum.