conversando um dia desses com um amigo, a traição entrou no assunto. ele me perguntou o que eu achava sobre, se eu era contra, se perdoaria uma traição, essas coisas...
primeiro, eu me dei conta de que nunca havia parado pra pensar sobre o assunto com profundidade – até porque, nunca tinha sido necessário - , depois eu assinei o discurso moralista tradicional de que não trairia [verdade] e não aceitaria nenhum tipo de traição. disse também que, caso a relação já estivesse prestes a acabar, o melhor seria acabar com tudo de uma vez e seguir com a vida, partir pra outra. e, pensando na raiz do problema, vi que a acomodação acaba gerando a traição como principal fruto, porque quando se está verdadeiramente feliz numa relação, não há influência exterior que abale a situação.
depois de colocar todo o meu posicionamento, ele me disse alguma coisa que me fez refletir sobre todo o contexto e discorrer sobre isso. me perguntou se já havia lido paulo coelho, especificamente “o zahir”. quando eu disse que não, ele me contou que a traição era o tema do livro, e que o autor colocava a fidelidade de um jeito que me causou um repúdio que nunca imaginei sentir, uma vez que via esse sentimento sob uma luz muito diferente. “o que é a fidelidade, senão um sentimento de posse sobre um corpo e uma alma que não são seus?”, foi o que ele me disse. complementou dizendo que o mais importante não era a fidelidade, mas a lealdade. depois de silenciar e digerir as novas perspectivas, imaginei uma contraposição possível: dentro da tese que me foi apresentada, acho que cabe a possibilidade de ter um relacionamento estável [com a pessoa com que se tem a relação de lealdade] e um eventual [com uma pessoa com quem se tenha apenas uma relação de atração]. logicamente falando, a “traição” teria um resultado nulo previsto, ou seja, seria por um curto período de tempo e sem vestígios sentimentais. o problema que apresentei a ele foi justamente o seguinte: e se o que se imagina a princípio como uma coisa corriqueira se tornar forte candidato à permanência? isso significa que o relacionamento estável não tem lealdade suficiente nos alicerces? significa que era o que era chamado de “estável” pode ser tranquilamente redenominado “cômodo”? significa que não se deve colocar mais de dois sapatos quando só temos dois pés?
o que eu quis dizer com essa contraproposta não tinha cunho especificamente moralista, como no início, mas mostrava uma visão mais simples das coisas. se um relacionamento que envolve apenas dois já conclui em acontecimentos intensos, colocando uma terceira pessoa no meio da história [sem o consentimento de ambos], a situação pode não ser das melhores.
“kiss me again” é um filme que ilustra bem as conseqüências da minha proposta. é um casal “feliz” que entra em distúrbio depois da chegada de uma terceira pessoa [mulher], que compete “acidentalmente” pela posição de mulher do casal com a primeira.
então... como se resolve essa história? traição varia de caso pra caso? é perdoável? quem ganha na competição fidelidade x lealdade?
acho que é mais fácil de se enxegrar a diferença ente essas duas palavras quando a traição sai do relacionamento amoroso e passa a fazer parte de uma amizade, por exemplo.
e quando se trata de um amigo, o que vale mais? existe alguma diferença ente as duas quando se trata de uma amizade? lealdade e fifelidade se tornam uma coisa só?
os resultados das reflexões já não me cabem. boca no mundo, galera!
abraços!